Sexta-feira, Julho 11, 2025
Início Site Página 152

LICENÇA DE MATERNIDADE PENALIZA PROFESSORAS!

O Ministério da Educação não resistiu e decidiu mesmo penalizar as professoras que, tendo sido mães, usufruíram da licença de maternidade. O mesmo acontece com os professores que usufruíram de licença de paternidade.

Sem que a Constituição da República Portuguesa o admita e, por essa razão, sem que o regime deste concurso preveja, o ME penaliza os/as que, por terem usufruído daquelas licenças, não completaram, num dado ano, 2 períodos lectivos. Como a licença de maternidade tem uma duração de 4 meses, as docentes que foram mães nos últimos 7 anos e agora se candidatam a este concurso são penalizadas, excepto se o parto teve lugar no final de um ano lectivo e, assim, a licença acabou por incidir em anos diferentes.

Se dúvidas tivéssemos sobre esta decisão do ME (que não consta do diploma que regula o concurso), desfazíamo-las com a leitura das FAQ (esclarecimentos prestados pelo Ministério da Educação, no site da DGRHE, sob a forma de pergunta/resposta). Aí, fica a saber-se que, quem por este motivo, não tiver completado dois períodos lectivos não recebe a ponderação de 8 pontos pelo exercício de funções nesse ano. Esta situação leva a que algumas docentes não completem os 95 pontos (10.º escalão) ou não consigam ter lugar nas vagas disponíveis para os 8.º e 9.ºescalões.

Perante a grave ilegalidade, a FENPROF aconselha todos(as) os/as docentes na situação a considerarem o ano completo e a concorrerem com os 8 pontos atribuídos aos restantes colegas. Se o ME insistir na penalização, esta será mais uma questão que, em Tribunal, não deixará de merecer decisão favorável aos docentes.

Estamos perante, apenas, mais um exemplo dos muitos que permitem concluir que este é um concurso sem regras, ou melhor, com regras ilegais, incoerentes, desiguais e injustas para os candidatos. Para o ME isso é indiferente, pois face ao seu objectivo, que é exclusivamente economicista, não há espaço para essas preocupações. Ao ME não interessa saber quem serão os titulares, apenas interessa saber quantos não serão, pois com esses irá poupar dinheiro em progressões na carreira.

Para a FENPROF e para os docentes, esta divisão da carreira em categorias fere a própria natureza da profissão e da carreira docente, razão por que jamais deixará de merecer um intenso combate. Até à sua revogação.

 

O Secretariado Nacional

Novo regime jurídico do Ensino Superior

 
Este é o texto que a Assembleia da República aprovou e que constitui uma forte machadada no ensino superior público. Com este diploma o ensino superior público caminha para a privatização, desagregação, perda de autonomia pedagógica, científica e administrativa e a gestão democrática é profundamente abalada.
  
Posição da Fenprof  face a esta proposta de lei.

Docentes da Universidade de Coimbra promovem tomada de posição sobre o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior.

  • Regulamentação do Processo de Bolonha

Decreto-Lei nº 64/2006  – Regulamenta o acesso dos maiores de 23 anos ao Ensino Superior

Decreto-Lei nº 74/2006  – Regime jurídico dos graus e diplomas do ensino superior

Decreto-Lei nº 88/2006  – Regulamenta os cursos de especialização tecnológica (CET)

Proposta de Estatuto da Carreira Docente na Região Autónoma dos Açores

 
 
Estatuto publicado em Diário da República. Leia aqui.

Fenprof em iniciativa de sensibilização no XVII Congresso Nacional dos Municípios Portugueses

Hoje, dia 15 de Junho, teve início, em Ponta Delgada, o XVII Congresso Nacional dos Municípios Portugueses. Nesta iniciativa, que fez convergir para a cidade açoriana cerca de um milhar de autarcas provenientes de todo o território nacional, os participantes terão o ensejo de se pronunciar sobre a transferência, para os municípios, de competências que actualmente são do foro da Administração Central. Assim, entre outras matérias, serão objecto de debate as que se prendem com a Educação e a Acção Social.
No âmbito das acções desenvolvidas pela FENPROF com vista a garantir, por um lado, a descentralização do sistema educativo e a criação das condições passíveis de propiciar o cabal desenvolvimento das competências a outorgar aos autarcas no âmbito da educação, e, por outro, que as matérias relacionadas com o exercício da função docente não venham a ser tuteladas pelos municípios, esta Federação, durante a manhã, procurou sensibilizar os intervenientes no congresso para as questões mais prementes que se prendem com a problemática da municipalização. Nesse sentido, foi distribuído aos congressistas e à comunicação social um documento intitulado «Municipalização, até onde?», cujo conteúdo corresponde à Declaração adoptada pelos participantes no Seminário que a FENPROF promoveu em Lisboa, no dia 8 de Junho, p.p., dedicado a esta problemática. Esta acção culminará com uma Conferência de Imprensa esta tarde, em Ponta Delgada, cujo texto, distribuído aos jornalistas, se anexa .

Greve Geral de 30 de Maio: aviso sério e exigência de mudança de rumo

 

O Conselho Nacional da CGTP-IN, reunido no dia 5 de Junho para fazer o balanço da Greve Geral, realizada no passado dia 30 de Maio, e perspectivar a acção sindical a desenvolver no imediato, concluiu:

1. Na sequência das grandiosas manifestações realizadas no dia 12 de Outubro e 25 de Novembro do ano passado e no dia 2 de Março deste ano, assim como a manifestação da Juventude contra a Precariedade, realizada em 28 de Março, no conjunto das quais participaram cerca de 300 mil trabalhadores, a Greve Geral, realizada no dia 30 de Maio constituiu a mais forte acção de luta nos últimos tempos, um forte e vigoroso protesto, um aviso sério e uma clara exigência de mudança das políticas que têm vindo a ser seguidas e que estão na origem dos graves problemas económicos e sociais que o país e os trabalhadores enfrentam, designadamente a estagnação económica, o preocupante aumento do desemprego e da precariedade, a quebra continuada do poder de compra dos salários, o acentuar das desigualdades e das injustiças sociais e a redução das funções sociais do Estado e dos serviços públicos.

2. A Greve Geral atingiu um significativo impacto em todas as regiões do país. Confirmam-no, no plano nacional, o impacto da Greve em todos os sectores de actividade, em muitos casos com elevadas adesões em todo o Continente, mas também na Região Autónoma dos Açores, onde não se realizou nenhum vôo inter-ilhas e paralisaram os portos da Região, e na Madeira, onde os tribunais estiveram fechados e o sector da hotelaria, principal actividade da Região teve uma forte adesão.

Na Administração Pública verificou-se elevada adesão em todos os sectores e serviços da Administração Local, bem como na Administração Central, designadamente nos subsectores da Saúde, Ensino, Justiça, entre outros.

No sector dos transportes, tanto público como privado, com situações diferenciadas de empresa para empresa, mas também com elevados índices de adesão nos transportes de passageiros; transportes municipais de Aveiro, Braga, Coimbra e Barreiro; Metropolitano de Lisboa; Transtejo; Soflusa; Transportes Sul do Tejo (TST); Rodoviária da Beira Litoral; Rodoviária do Tejo; Rodoviária de Entre Douro e Minho; Transportes Arriva; Gondomarense; Moisés Correia de Oliveira; Rodoviária do Alentejo; Berrelhas Transportes; CP com supressão de 264 comboios; no sector aéreo com 109 voos cancelados, 63 no Aeroporto de Lisboa, 18 em Faro e 28 nos Açores; e no marítimo com paralisação total de 21 portos.

Na indústria, bem como no comércio e serviços, milhares de empresas tiveram paralisação, total ou parcial, das suas actividades.

No levantamento realizado pela CGTP-IN e que envolveu, a nível nacional, milhares de empresas e locais de trabalho, em todos os sectores de actividade, tanto do público como privado, concluiu-se que a Greve Geral de 30 de Maio teve um forte impacto na redução da actividade económica e nos serviços públicos e que nela estiveram envolvidos mais de um milhão e quatrocentos mil trabalhadores.

3. Em todo o processo da Greve Geral, desde logo na sua preparação, na qual estiveram empenhados mais de 25.000 dirigentes, delegados e activistas sindicais que realizaram mais de 7.000 plenários em empresas e locais de trabalho, a sociedade foi alertada e sensibilizada para os problemas da precariedade, do desemprego, dos objectivos reais da flexigurança, do ataque aos serviços públicos, das desigualdades, da injusta distribuição da riqueza e das injustiças sociais gritantes que nos envolvem e que só prejudicam o futuro do país e o seu desenvolvimento sustentado. Com esta acção, estes problemas foram trazidos para a primeira linha das preocupações da sociedade.

Não deixa de ser sintomático o significativo apoio popular manifestado às razões que estiveram na origem da convocação da Greve, de resto confirmado por diversos estudos de opinião.

4. Depois desta Greve Geral e com o impacto da sua preparação e realização, não pode o Governo, para escamotear a realidade, manipular números e, numa atitude autista, fazer ouvidos de mercador a este enorme protesto e continuar impunemente a prosseguir as politicas que agravam estes problemas. E o patronato não pode prosseguir práticas de violação das leis e dos direitos dos trabalhadores, impondo relações laborais inaceitáveis e boicotando a negociação colectiva, enquanto prossegue o saque ao erário público e processos de gestão ultrapassados que são impeditivos de tornar as empresas mais produtivas e competitivas. A sociedade portuguesa compreendeu e não deixará de reconhecer o grande contributo desta Greve Geral para um país modernizado e para uma democracia activa, participativa e dinâmica, respeitadora dos direitos de quem trabalha.

5. O Conselho Nacional da CGTP-IN saúda os trabalhadores portugueses, particularmente aqueles que, com muita coragem, determinação e sacrifícios pessoais, para si e para as suas famílias, exerceram o inalienável direito à greve, mesmo quando confrontados com a tentativa de imposição de serviços mínimos ilegais, a proibição de plenários de trabalhadores, a recolha ilegal de dados pessoais e ameaçados com avaliações de desempenho negativas, colocação na lista de disponíveis da Administração Pública, com processos disciplinares, e assistiram à substituição ilegal de trabalhadores em greve, ou ao recurso às forças policiais como forma de condicionar o exercício das liberdades e dos direitos sindicais. O Conselho Nacional, saúda, igualmente, todos os jovens trabalhadores, muitos em situação de precariedade, que exerceram o direito de greve.

 

O Conselho Nacional manifesta também a sua solidariedade a todos os que, estando de acordo com as razões da Greve Geral, se viram impedidos de exercer esse direito por força de inadmissíveis pressões e coacções impostas pelo patronato e Governo, só possíveis face às situações de precariedade que atingem muitos milhares de trabalhadores, à ameaça de não renovação dos contratos e de não pagamento de prémios, subsídios e distribuição de lucros e à imposição de serviços mínimos que põem em causa o efectivo exercício do direito de greve.

A CGTP-IN, ao mesmo tempo que repudia e condena publicamente o comportamento, do Governo e do patronato que tudo fizeram para boicotar a greve, atentando contra os direitos liberdades e garantias dos cidadãos, garante aos trabalhadores afectados, não só, todo o seu apoio e solidariedade sindical, como se compromete a tudo fazer, incluindo o recurso aos tribunais nacionais e instâncias comunitárias e internacionais, se for caso disso, para que seja reposta a legalidade democrática e respeitada a dignidade dos trabalhadores.

6. A CGTP-IN e os trabalhadores sabem que as mudanças necessárias não acontecem de um dia para o outro. Elas fazem-se na continuidade da acção e da luta. É tempo de o patronato cumprir as leis e os direitos dos trabalhadores, de assegurar condições de formação e qualificação, de respeitar quem trabalha, de negociar salários justos. É tempo do Governo tratar os trabalhadores e a população portuguesa, não como números, mas como pessoas que têm dignidade, direitos, aspirações e capacidades. Compete ao Governo afirmar e assegurar o direito ao emprego com direitos, tratar os portugueses com equidade e garantir uma justa distribuição da riqueza produzida. É tempo de uma efectiva mudança de rumo!

7. A Greve Geral confirmou que existem forças e vontade para prosseguir a luta pela defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores. É neste contexto que o Conselho Nacional da CGTP-IN apela a todos os trabalhadores portugueses para resistirem a mais esta inqualificável ofensiva neoliberal do poder económico e financeiro e prosseguirem, com redobrada confiança, a luta contra o desemprego e a chamada flexigurança -com a qual os patrões e as forças conservadoras pretendem criar mais precariedade e liberalizar os despedimentos-, pela melhoria do poder de compra e a valorização dos salários, contra as escandalosas desigualdades e injustiças sociais, por serviços públicos de qualidade, por um SNS universal, por um sistema educativo público, democrático e inclusivo e pela defesa da liberdade e dos direitos sindicais.

É na concretização dessa luta que, no imediato, o Conselho Nacional da CGTP-IN decide:

– realizar, em Lisboa, em 21 de Junho, um Debate sobre a flexigurança e a revisão do Código do Trabalho;

– promover, por ocasião da Cimeira dos Ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais, a realizar no quadro da Presidência da U.E, uma concentração, no próximo dia 5 de Julho, em Guimarães, sob o lema “Emprego com Direitos – Europa Social”, tendo como objectivos a luta contra o desemprego e a precariedade, pela qualidade do emprego e contra a flexigurança.

8. O Conselho Nacional reafirma a forte determinação de, a nível de toda a estrutura da CGTP-IN, continuar a lutar em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra uma ofensiva que visa uma inaceitável regressão social e um retrocesso violento das relações laborais.

9. O Conselho Nacional sublinha a importância do sindicalismo, do exercício dos direitos individuais e colectivos no trabalho e da acção dos sindicatos na sociedade como elemento estruturante do regime democrático e factor impulsionador da justiça social e da coesão nacional.

Lisboa, 05 de Junho de 2007
O Conselho Nacional da CGTP-IN

Sindicatos, interesse público e direitos de quem trabalha

AOS PROFESSORES E EDUCADORES

Poucos dias após a realização do 9.º Congresso Nacional dos Professores, o jornal “Público” divulgou um artigo de Vital Moreira em que, por considerar contraditórios os interesses da Escola Pública e os direitos dos docentes, criticava a declaração do Secretário-Geral da FENPROF, no encerramento do Congresso, referindo como traves mestras da acção e da luta sindical, precisamente a defesa da Escola Pública e, simultaneamente, a defesa dos direitos e interesses dos seus profissionais.

Com o objectivo de esclarecer as razões por que a FENPROF considera que aqueles dois objectivos não são contraditórios, Mário Nogueira fez chegar ao  “Público” um texto que, contudo, não foi publicado pela direcção do jornal. Por essa razão, e por terem sido inúmeros os colegas que nos colocaram a necessidade de, sobre aquela matéria, ser dada uma resposta a Vital Moreira, a FENPROF decidiu agora divulgá-lo aos professores e educadores.

O Secretariado Nacional da FENPROF

 

SINDICATOS, INTERESSE PÚBLICO
E DIREITOS DE QUEM TRABALHA

Mário Nogueira, Secretário-Geral da FENPROF

A pergunta escolhida por Vital Moreira no seu artigo “Sindicatos e interesse público” é extremamente importante, pelo que também merece ser ponto de partida para outras reflexões. “Existe alguma relação natural entre os interesses dos profissionais dos serviços públicos (educação, saúde, etc.) e a defesa desses mesmos serviços?” – questionava o professor universitário. Respondia negativamente o próprio, considerando esse alegado antagonismo de interesses como natural, enquanto acrescentava que a defesa dos serviços públicos não faz parte da agenda dos sindicatos.

Não sendo crível que o exercício retórico de Vital Moreira pretenda apenas servir interesses político-partidários que, nos últimos tempos e cada vez mais, o professor tem assumido, estranha-se a conclusão, principalmente por advir de quem também assume um justo estatuto de intelectual reflexivo e diz rejeitar o ideário neoliberal da “moda”. A nossa incompreensão, contudo, vai sendo desfeita à medida que se avança na leitura do referido artigo de opinião. Descobre-se que Vital Moreira, afinal, desconhece as posições da FENPROF face a diversas medidas tomadas pelo Ministério da Educação, bem como o conteúdo do estatuto da carreira docente que foi imposto aos educadores de infância e aos professores dos ensinos básico e secundário. Se conhecesse não diria que os Sindicatos de Professores se opunham ao alargamento do horário escolar, pois a existência de uma resposta social a prestar pela escola pública é velha exigência dos Sindicatos; não diria que estes se opunham às medidas contra o absentismo, pois o que justamente se contesta é que os professores sejam penalizados nas suas carreiras devido a ausências legalmente justificadas, como as que decorrem de situações de doença ou acidente, para além de outras que se submetem a tutela constitucional; não afirmaria que os Sindicatos são contra as aulas de substituição, pois saberia que a contestação recai sobre a forma ilegal e desqualificada como o ME impôs as actividades de substituição; compreenderia que o problema do encerramento das escolas não tem a ver com as que têm poucos alunos e trabalham sem condições, mas com os milhares de estabelecimentos que têm um número significativo de alunos e/ou que, encerrando, obrigam as crianças a longas deslocações para escolas (de acolhimento) com as mesmas ou em piores condições; não escreveria que o estatuto da carreira docente tem dois escalões, pois tem nove.

O que se contesta no estatuto da carreira docente é a criação de duas categorias hierarquizadas com o único intuito de impedir a progressão dos professores e educadores até aos patamares salariais mais elevados, penalizando, sobretudo, os professores que mais se distinguem na que deverá ser a componente mais importante da sua actividade: a lectiva. Ou seja, a actividade desenvolvida com os alunos na sala de aula.

Assim, a afirmação de que entre a defesa dos direitos profissionais dos docentes e os interesses da Escola Pública não existe qualquer conflito, é incorrecta. A Escola Pública, para se afirmar e, de facto, cumprir o papel de inclusão e coesão social que só ela pode cumprir (concordo em absoluto com Vital Moreira relativamente a este aspecto que também considero essencial para que a escola pública se imponha à privada), terá de garantir que as suas múltiplas respostas – educativa, sócio-educativa e social – são de elevada qualidade. Nesse sentido, contribuirá a existência de recursos adequados – tanto financeiros, como materiais e humanos -,  não sendo irrelevante a situação sócio-profissional dos seus docentes. Ao defenderem a estabilidade de emprego e profissional dos professores, bem como uma carreira valorizada, incluindo no plano material, e uma profissão socialmente dignificada, os Sindicatos de Professores, e a FENPROF em particular, estão a defender uma Escola Pública com mais qualidade. É que esta não se constrói com profissionais mal formados, contratados a prazo e de emprego incerto, que sejam “pau para toda a obra”, sem direitos, mal pagos, permanentemente debaixo de um fogo que os responsáveis do ME não se cansam de intensificar em cada discurso que fazem. Uma escola com profissionais desvalorizados não pode cumprir o seu papel, antes tenderá a ver acentuados fenómenos de indisciplina e violência constituindo-se, também ela, como mais um factor de exclusão.

A ideia de “desprofissionalizar” os docentes, que perpassa do texto de Vital Moreira, não é nova. Encontra-se, por exemplo, nas recomendações do Banco Mundial e subjaz a muitas medidas impostas pela actual equipa ministerial. Essa é, aliás, questão central para os teóricos do neoliberalismo: por um lado, porque o grande mercado da Educação, que pretendem controlar, será mais lucrativo se as despesas com os trabalhadores forem reduzidas; por outro, porque “funcionarizar” os professores, transformando-os em zelosos cumpridores de circulares e despachos internos e meros transmissores de conhecimentos e competências técnicas (limitando a sua função às vertentes cognitiva e prática), retira à Escola qualquer incursão por domínios como o dos valores, o do exercício da cidadania, entre outros, que são fundamentais para a formação cívica dos futuros cidadãos. Concentrar esforços na reprodução de trabalhadores bem apetrechados tecnicamente, mas nulos no que respeita à sua intervenção cívica, é objectivo primacial do neoliberalismo. Sem ignorar esta vertente, uma Escola Pública verdadeiramente Democrática não pode desvalorizar a outra.

Percebe-se que o Primeiro-Ministro e o seu Governo, dada a orientação neoliberal das suas políticas, tenham aderido a esta “moda” ideológica. Não se tinha era compreendido que a “moda” estava a pegar. Estaremos cá nós, também, e provaremos quem, afinal, é “démodé”.

ORIENTAÇÕES DA DROAP

No contexto da discussão do ECD Regional, a «avaliação dos docentes» constituiu, sem dúvida, um dos pontos fundamentais de discordância entre o SPRA e o Secretário Regional de Educação e Ciência.

As ausências ao serviço assumiram, no âmbito da discussão do modelo de avaliação preconizado pelo SREC, especial relevância, na justa medida em que constituem factor condicionador da obtenção da classificação de Bom, logo passível de impedir a progressão na carreira.

Não obstante este sindicato fazer depender a promoção da qualidade da educação e do ensino de critérios de exigência, defendendo-os, considera, todavia, inaceitável que, na proposta de ECD Regional, tenham sido ignorados aspectos cuja importância é fulcral para os docentes.

Assim, na apreciação da assiduidade dos docentes, o SPRA não só exige que sejam excepcionadas as faltas que, na legislação em vigor, são equiparadas a prestação efectiva de serviço, como ainda tudo tem feito para conseguir excepcionar outro tipo de faltas.

Este esforço não tem sido infrutífero, como o demonstra o n.º4 do Ofício da DROAP, dirigido ao SPRA em resposta à exposição por este feita sobre os «EFEITOS DAS FALTAS PARA ASSISTÊNCIA A MEMBROS DO AGREGADO FAMILIAR…», cujo conteúdo transcrevemos de seguida:

4. No respeitante ao regime da função pública, conclui-se que estas faltas são igualmente consideradas como prestação efectiva de serviço, relevando para antiguidade na carreira e categoria, determinando a perda do vencimento de exercicio nos primeiros 30 dias de ausência, seguidos ou interpolados, em cada ano civil, isoladamente ou em conjunto com as faltas que legalmente implicam esse desconto, na sequência do disposto no nº 5 do artigo 112º da Lei nº 35/2004, de 29-07, implicando igualmente a perda do subsídio de refeição, conforme resulta expressamente do nº 3 do artigo 113º desta Lei. (ver documento completo )

Contudo, por se tratar de um aspecto ainda não consagrado na proposta de estatuto, o SPRA continuará a lutar para que essas e outras faltas venham a ser excepcionadas, para efeitos de avaliação/progressão, no ECD Regional.

Ministra Educação vai ao Parlamento falar sobre Professores de Matemática

“O PS aprovou esta terça-feira a audição da ministra da Educação em sede de comissão parlamentar, onde Maria de Lurdes Rodrigues será confrontada pela oposição com a recente polémica que envolve a Associação de Professores de Matemática, entre outras matérias.

Depois de no final do mês de Maio o PS ter aprovado a audição da ministra da Educação sobre o processo disciplinar movido ao professor de Inglês e ex-deputado do PSD Fernando Charrua, por um comentário à licenciatura do primeiro-ministro, esta terça-feira os socialistas voltaram a votar favoravelmente outros três requerimentos para ouvir Maria de Lurdes Rodrigues.

Um dos requerimentos, apresentado pelo PSD, requeria a audição da ministra da Educação para ” o cabal esclarecimento” dos “estranhos factos” que envolveram a saída da Associação de Professores de Matemática da comissão de acompanhamento do Plano de Matemática.

No requerimento, os sociais-democratas referiam que, segundo informações divulgadas pela própria associação, o abandono ” deveu-se ao facto de um director-geral do ministério da Educação ter convidado esta associação a deixar a referida comissão”.

“Esta posição do senhor director-geral terá sido justificada com uma discordância pública que a Associação de Professores de Matemática assumiu relativamente a declarações da ministra da Educação sobre a aferição dos resultados imediatos do desenvolvimento do programa através dos resultados obtidos pelos alunos nos exames nacionais do 9º ano “, era referido no requerimento.

“É uma notícia extremamente grave “, afirmou o vice-presidente da bancada do PSD Pedro Duarte, considerando que é mais uma nota que demonstra “que o Governo convive muito mal com as críticas”.

Outro dos requerimentos, apresentado pelo Bloco de Esquerda, sobre a mesma matéria solicitava igualmente a audição da ministra da Educação na Assembleia da República.

Durante a discussão dos requerimentos na comissão parlamentar de Educação, a deputada Cecília Honório justificou o pedido do seu partido por considerar que a saída da Associação de Professores de Matemática da comissão de acompanhamento do Plano de Matemática constituiu ” uma sanção por delito de opinião”.

O terceiro requerimento, da autoria do PCP, e que foi igualmente aprovado, referia-se às audição de Maria de Lurdes Rodrigues acerca das condições de acesso à categoria de professor titular.

“O que pode estar em causa é a exclusão de 20 mil professores do acesso à categoria de professor titular “, adiantou o deputado do PCP João Oliveira.

Pelo PS, o deputado socialista Fagundes Duarte justificou o voto favorável do PS à audição da ministra da Educação por ter ” todo o interesse em que as matérias em causa sejam esclarecidas”.

Assim, Maria de Lurdes Rodrigues deverá deslocar-se à comissão parlamentar de Educação antes das férias de Verão do Parlamento, altura em que será confrontada com as polémicas que têm envolvido o seu ministério ao longo do último mês. “

2007-06-12 17:40:00
TVNET / Lusa

Em destaque