Terça-feira, Julho 8, 2025
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Reitores recusam agência de avaliação nomeada pelo Governo

 
CRUP rejeita diploma que cria Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior
 

Fernando Seabra Santos, desde ontem presidente do conselho de reitores das universidades portuguesas (CRUP), classificou como “profundamente incoerente” o projecto de decreto-lei que cria a agência de avaliação e acreditação para a garantia da qualidade do ensino superior. “é muito estranho que quem tanto fala em independência se esqueça de a assegurar”, afirmou, em declarações ao público, referindo-se ao facto de estar previsto que os membros do conselho geral daquela estrutura sejam nomeados pelo governo.

Tal como acontece no texto do parecer do CRUP sobre o diploma, divulgado ao princípio da noite de ontem, também Seabra Santos começou por dizer que o conselho “é completamente favorável à criação de uma agência independente”. isto para sublinhar, precisamente, que os reitores consideram que “a forma [prevista] de designação dos membros dos diferentes órgãos não corresponde ao “traço essencial de independência quer face ao poder político, quer às entidades avaliadas””, conforme se lê no preâmbulo do projecto de decreto-lei.

O CRUP questiona, em concreto, o facto de o conselho geral da agência à qual caberá realizar a avaliação e a acreditação de todos os estabelecimentos e cursos do ensino superior “ser constituído apenas por vogais nomeados pelo governo”. “estamos a falar de um órgão determinante, na medida em que tem competência para nomear e destituir os conselhos de administração e de revisão”, frisou Seabra Santos.

Em alternativa, é sugerida, no parecer, “uma comparticipação nas responsabilidades”. em concreto, que um vogal seja escolhido pelo primeiro-ministro; outro indicado em conjunto pelo CRUP, pelo conselho coordenador dos institutos superiores politécnicos e pela associação portuguesa do ensino superior privado; e que o terceiro seja cooptado por aqueles dois vogais.

O CRUP descobre “outra das profundas incoerências” referidas por seabra santos no sistema de financiamento da agência. “à excepção de um período transitório de três anos, quem manda é o governo e quem paga são os avaliados”, interpreta o presidente. propõe-se no parecer que o governo assuma uma percentagem (que não quantifica) dos custos dos processos desenvolvidos pela agência, “dada a natureza obrigatória da avaliação e da acreditação”.

Na manhã de ontem, ao discursar na cerimónia de tomada de posse do cargo de reitor da universidade de coimbra, Seabra Santos já se referira ao assunto. Mas para considerar “preocupante” que se avance “com uma avaliação internacionalmente referenciada” num momento em que ” chega às universidades portuguesas, por cada aluno, apenas metade do que dispõe por aluno a universidade europeia média”. “se não houver bom senso e seriedade, o resultado desta atitude voluntarista pode revelar-se dramático”, alertou, sublinhando que, “para comparar resultados, os recursos também têm de ser comparáveis”.

 
 
 
 
 
 

2 de Março – DIA DE LUTA

Face à prepotência demonstrada pelo ME impondo um ECD que desvaloriza a profissão docente e degrada a Escola Pública, os Professores e Educadores têm razões acrescidas para marcarem presença nas Galerias da Assembleia da República a partir das 10.00 horas.

SINDICATOS ADMITEM REGRESSAR À LUTA

 

Proposta do concurso vai ser discutida na próxima semana com a Plataforma Sindical. Só chega a professor titular quem nunca faltou.

Como é que os actuais docentes podem concorrer a professor titular? Devem estar nos 8º, 9º e 10º escalão da carreira ? ou seja, nos patamares mais altos ? e não faltarem ao trabalho. Estas são duas das condições propostas pelo Ministério da Educação (ME) para o primeiro concurso para o primeiro concurso para professor titular. A tutela espera que mais de 50 mil concorram a esta nova categoria.

O texto foi ontem enviado aos sindicatos que vão reunir com a tutela no início da próxima semana. Esta é a primeira de duas dezenas de matérias que vão ser reguladas após a aprovação e promulgação do Estatuto da Carreira Docente (ECD) pelo Presidente da República , no passado dia 10 de Janeiro.

Este foi também um dos temas que os representantes dos docentes, reunidos na Plataforma Sindical, mais criticaram: a divisão da profissão em duas categorias, a dos professores e dos professores titulares. A esta categoria, para a qual são definidas quotas, só é possível aceder através de concurso.

O ME exige que os educadores de infância e professores do básico e secundário sejam avaliados para progredir na carreira. O objectivo de criar esta nova categoria é o de “dotar, pela primeira vez, as escolas de um corpo qualificado” de professores que terá as funções de coordenação e supervisão pedagógica, diz a tutela em comunicado. “A criação do professor titular é ainda uma condição para a aplicação do novo regime de avaliação de desempenho”, continua.

Docentes dispensados

O concurso será interno, ou seja, aberto em cada um dos agrupamentos de escola. Alem das suas habilitações profissionais, os professores serão avaliados pela experiência profissional e desempenho. Vão ser ponderados factores como a assiduidade ao serviço, o desempenho da actividade de professor e de cargos de coordenação e supervisão pedagógica. Será ainda tido em conta o exercício de funções nos órgãos de gestão e administração do agrupamento de escolas, bem como de director do centro de formação de professores local.

Segundo a proposta, os profissionais que actualmente beneficiam de uma dispensa total ou parcial da componente lectiva por razões de doença ficam automaticamente excluídos do primeiro concurso: Para efeitos de selecção serão consideradas todas as faltas, licenças e dispensas dos candidatos entre os anos lectivos 2000/2001 e 2005/2006, mesmo que por doença ou maternidade.

As candidaturas serão analisadas ? do júri farão parte o director regional de Educação, o presidente do conselho executivo da escola e o director do centro de formação de professores ? e serão avaliadas numa escala de 0 a 100. Os docentes terão de ter um mínimo de 60 valares para a sua candidatura ser aprovada.

Como há quotas, só um terço dos professores do quadro de cada escola poderá chegar a titular ? os candidatos só podem concorrer às escolas onde pertencem. Em caso de empate, volta a ser a assiduidade o factor decisivo.

A criação de quotas, de um exame de ingresso na profissão e a avaliação dos professores levou a que estes tenham contestado as medidas. Depois de duas greves e de duas manifestações, o estatuto foi aprovado.

 

Plataforma unida contra Estatuto

Ao contrario do que prevê a lei, o Ministério da Educação não negociou com os Sindicatos as datas e os temas a negociar, acusa Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma Sindical, que reúne todas as estruturas sindicais de professores. O processo de regulamentação do Estatuto da Carreira Docente, que acontece na segunda e terça-feira, começa assim “mal”, continua aquele membro da Federação Nacional dos Professores. “Esta é das matérias que criou maiores divergências entre o ministério e os sindicatos “, recorda. A criação de duas carreiras vai impedir a progressão de “milhões de docentes e, ao mesmo tempo, estabelecer uma relação hierarquizada entre professores dentro de cada escola”, critica a Plataforma Sindical, em comunicado. Contudo, os sindicatos “não darão qualquer palavra de ordem para que os professores não se candidatem a professor titular”, sublinha Nogueira. “Queremos que todos concorram, porque todos devem provar que têm mérito para ser titular. Queremos encharcar essa categoria com professores que se queixem não ter vagas por motivos economicistas”, declara. A Plataforma Sindical não põe de parte o regresso à luta para “contestar uma carreira insultuosa”, termina.

Bárbara Wong

Administração Pública – Património do País

O plenário de dirigentes, delegados e activistas das organizações sindicais que compõem a Frente Comum decidiram dar continuidade à luta dos trabalhadores da Administração Pública, com a realização do Fórum “Administração Pública – Património do País”, marcado para 22 de Fevereiro, e o apoio à Manifestação Nacional, convocada pela CGTP-IN, para 2 de Março (“Todos juntos na luta”), em Lisboa.

O plenário decorreu no passado dia 10 de Janeiro e reuniu cerca de mil sindicalistas, que aprovaram uma resolução entregue na Residência Oficial do Primeiro Ministro, em S. Bento.

Prémio Miguel Torga Jovem

No ano em que se comemora o centenário do nascimento de Miguel Torga, o Município de Coimbra evoca o escritor através de “uma programação que apresenta um carácter marcadamente transversal, intercruzando diversas áreas de intervenção artístico/cultural”.
O destaque do Projecto comemorativo recai, naturalmente, na vertente literária, interligando-a com outras disciplinas como as Artes Plásticas, o Teatro, a Filatelia, a Música e a Museologia.
Nesse sentido, o Departamento de Cultura organiza a segunda edição do Prémio Miguel Torga Jovem, agora destinado a alunos que frequentem o 3º ciclo do ensino básico e o ensino secundário, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos.
Os jovens poderão concorrer individualmente ou em grupo, apresentado um trabalho/projecto na área da Língua Portuguesa, da Literatura ou das Expressões Artísticas ou ainda envolvendo duas ou três áreas interdisciplinares.
O trabalho a apresentar poderá ser um texto ou uma criação multimédia. As candidaturas devem dar entrada no Departamento de Cultura (Casa Municipal da Cultura, Rua Pedro Monteiro), até às 16h00 do próximo dia 15 de Maio. Os prémios serão divulgados em sessão pública a realizar no início de Junho

Educação para a Saúde vai ter professor coordenador em cada escola

Os projectos de Educação para a Saúde, que incluem a educação sexual obrigatória, vão ser desenvolvidos em cada escola do 2º e 3º ciclos por um professor coordenador nomeado pelos conselhos executivos, segundo um despacho publicado na terça-feira, dia 20 de Fevereiro.

De acordo com o despacho do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, o coordenador será nomeado em cada estabelecimento de ensino tendo em conta a sua formação e experiência no desenvolvimento de projectos e actividades nesta área, podendo beneficiar de uma redução lectiva de três horas por semana.

No documento, publicado em “Diário da República”, o Governo considera que “a Educação para a Saúde, para a sexualidade e para os afectos se incluem entre as múltiplas responsabilidades da escola actual”.

A obrigatoriedade de abordar a Educação para a Saúde nos estabelecimentos de ensino foi determinada pelo Ministério da Educação em Setembro do ano passado, devendo ser leccionada nas chamadas áreas curriculares não disciplinares como a Área de Projecto e a Formação Cívica.

Alimentação, violência escolar,
tabaco, álcool, drogas…

Além da educação sexual, que é obrigatória, a Educação para a Saúde abrange ainda as temáticas da alimentação, violência escolar e tabaco, álcool e drogas, cabendo às escolas do 2º e 3º ciclos escolher e abordar pelo menos uma delas.

No mês passado, o Grupo de Trabalho de Educação Sexual (GTES), constituído pelo Ministério da Educação para reformular o ensino desta área, recomendou que todas as escolas devem avançar com projectos até Junho, dedicando à matéria pelo menos uma aula por mês.

O grupo de trabalho presidido pelo psiquiatra Daniel Sampaio estabeleceu, na altura, que “a efectivação, no mínimo mensal, de sessões sobre sexualidade e respectiva avaliação é obrigatória” em todos os estabelecimentos de ensino do 2º ciclo ao secundário.

A fisiologia geral da reprodução humana, o ciclo menstrual e ovulatório, o uso de métodos contraceptivos e a prevalência e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis são algumas das matérias que deverão ser abordadas nas sessões de educação sexual, entre o 6º e o 9º anos.

Lusa, 23/02/2007

Grupo de trabalho defende reforço urgente de aulas práticas e experimentais no ensino secundário

Muita teoria e pouca prática no que respeita ao ensino de disciplinas que deveriam ter uma componente experimental, como a Química, a Física ou a Biologia. Esta é uma das principais falhas referida pelas escolas secundárias. E é uma das áreas a merecer uma intervenção urgente, de acordo com as primeiras conclusões do grupo de trabalho nomeado para estudar o impacto da última reforma neste nível de ensino, aprovada em 2004 e que chegou este ano ao 12.º.

“Os cursos científico-humanísticos [antigos cursos gerais] estão muito direccionados para os exames e os professores aproveitam ao máximo o tempo que têm para preparar para as provas”, explica Isabel Duarte, que dirige o grupo de trabalho.

Se a esta condicionante se juntar o fim das “técnicas laboratoriais”, em que o tempo dos alunos era ocupado a fazer experiências, e a extensão excessiva dos programas, também referida pelos professores, percebe-se como as “ciências experimentais perderam muito tempo de leccionação”, acrescenta Isabel Duarte.

O grupo de trabalho propõe por isso o reforço do tempo dedicado a aulas práticas, sobretudo na área das ciências e tecnologias, de pelo menos mais 90 minutos semanais.

Esse tempo podia ser ganho à disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) que, defende o grupo de trabalho, não faz sentido existir de forma autónoma no 10.° ano. Quanto mais não fosse porque o que é ensinado aos alunos é demasiado básico face ao que já sabem fazer, explica Isabel Duarte. Em vez disso, propõe-se que estas competências sejam trabalhadas de forma transversal, mantendo-se a disciplina no 9.º.

Ainda em relação à componente experimental do ensino, Isabel Duarte refere a importância de formar professores nesta área.

Outro dos aspectos críticos tem a ver com a oferta do curso de Línguas e Literaturas. Considera-se muito especializado e a procura tem sido tão pequena que nem as escolas conseguem abrir turmas, apesar de terem os professores, nem as universidades conseguem recrutar candidatos.

Por isso se propõe a extinção desta via e a integração das suas disciplinas específicas – como o Latim e Literatura Portuguesa – no curso de Ciências Sociais e Humanas.

Finalmente, no trabalho que tem desenvolvido junto de 16 secundárias e a partir da auscultação de diversos especialistas, o grupo de trabalho identificou um quarto ponto crítico. Que tem a ver com o facto de a nota a Educação Física contar este ano para o cálculo da média final do secundário e, consequentemente, para o acesso ao ensino superior. As opiniões divergem sobre se a classificação devia ser importante para a seriação dos candidatos às universidades, mas aí caberá à tutela tomar uma decisão política, explica Isabel Duarte.

Público, 24/02/2007

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