Terça-feira, Outubro 15, 2024
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Da indignação à exigência: “Deixem-nos ser professores!”

Impressionante afirmação de coragem

Para além da (inevitável) comparação com a Marcha da Indignação de 8 de Março, a verdade é que o gigantesco protesto de 8 de Novembro – ainda mais participado – reafirmou, num clima de unidade e firmeza, e também de solidariedade, que a esmagadora maioria dos educadores e professores rejeita publicamente, de viva voz, as políticas do Ministério de Lurdes Rodrigues, que ofendem a dignidade destes profissionais e ataca a Escola Pública.
Como sublinhou Mário Nogueira na tribuna do mega plenário do Terreiro do Paço, “a realização de duas excepcionais manifestações de professores em menos de um ano, juntando mais de dois terços da classe profissional, tem, obrigatoriamente, de ter consequências e torna indiscutível a necessidade urgente de uma profunda alteração das políticas e isso exige muito mais do que a simples mudança de uma equipa ministerial.”

Para além das (previsíveis) declarações dos responsáveis políticos do Governo – uns a dizerem que não viram este 8 de Novembro; outros, orgulhosamente sós, a ameaçaram a continuação destas políticas negativas, porque tanto faz serem meia dúzia ou 120 000 os professores a manifestarem-se, pois o que é preciso é aplicar até ao fim os sinistros planos do ME…- para além destas e de outras irracionalidades bem conhecidas da opinião pública, a verdade é que o 8 de Novembro mostrou, de forma bem clara e representativa, que uma classe inteira está contra esta burocrática e infeliz avaliação do desempenho, contra estes desumanos horários de trabalho nas escolas, contra a fractura na carreira, contra a grande instabilidade profissional, contra o regime de concursos que o ME pretende impor (em relação a esta matéria, está prevista a negociação suplementar, a pedido da FENPROF).



Para além dos (previsíveis) comentários dos escribas ao serviço do poder e dos opinion makers pagos à linha para lançarem ódio contra o mundo do trabalho, a verdade é que a concentração e o plenário que encheram o Terreiro do Paço e, depois, o compacto desfile pelo coração da baixa lisboeta, passando pela Rua Augusta, Rossio, Restauradores e Avenida da Liberdade, terminando em cheio no Marquês do Pombal, mostraram o enorme descontentamento de um grupo profissional determinante na construção do futuro do País.


Para além de tudo o que possa ser dito e escrito nas próximas horas e nos próximos dias, a verdade é que os educadores e os professores de Portugal não cruzam os braços e dão, neste momento conturbado do Mundo em que vivemos, um impressionante exemplo de cidadania activa e de coragem na luta e no protesto contra um edifício de arbitrariedades e de injustiças. É com esta coragem que vão levar de vencida os ataques ao profissionalismo docente. É com esta coragem que continuam a dizer Não! à ofensiva do ME.
 
Para além de outras conclusões e interpretações que agora se farão ouvir na comunicação social, uma coisa é certa: o 8 de Novembro confirmou que as políticas do ME estão condenadas ao fracasso. Como dizia na noite de 8 de Novembro, na SIC Notícias, um insuspeito cronista e director de um conhecido matutino, “não estavam nesta manifestação professores de 20 ou 30 escolas, mas sim, certamente, de todas as escolas do País (…) A ministra está a agir mal”.

Muito mais de 100 000 vozes, muito mais de 100 000 cidadãos, muito mais de 100 000 docentes passaram uma certidão de óbito às políticas definidas pela actual equipa do ME. Quem está a sofrer nas escolas certamente não dirá paz à sua alma…/JPO

Resolução aprovada no Marquês de Pombal

Os Professores e Educadores presentes na Manifestação de 8 de Novembro, que voltou a reunir em Lisboa mais de dois terços dos docentes portugueses, concordam envolver-se empenhadamente na concretização de um dinâmico plano de acção e luta.

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